sexta-feira, 19 de maio de 2017

A sua liberdade vai até onde começa a do outro



O que é a liberdade para você? De acordo com algumas das definições se caracteriza como o direito de agir segundo o seu livre arbítrio, de acordo com a própria vontade, desde que não prejudique outra pessoa, onde é priorizada a sensação de estar livre e não depender de ninguém. Até aí, tudo bem, mas como você pode definir até onde vai o seu livre arbítrio e ter certeza que você não está prejudicando o outro.

Como, por exemplo, eu posso estar em sábado a tarde estudando em meu quarto e meu vizinho decide escutar música, será que se eu fosse pedir com gentileza para meu vizinho abaixar o som, não estaria sendo intolerante a sua liberdade de escutar música? Mas eu não estou sendo prejudicada pelo fato do meu vizinho estar agindo por livre e espontânea vontade, achando que não está prejudicando outra pessoa.

Vamos à outra reflexão, a intolerância, está extremamente ligada pelo respeito, cuja algumas definições tratam como falta de compreensão ou aceitação em relação a algo, esse algo pode ser, cor, raça, religião, sexo, estereótipos e gostos, mas em nossa sociedade há muita intolerância pelo gosto musical que cada um tem. Escuto muitas frases como: “nossa você gosta de sertanejo, dessa música brega de traição ou amor não correspondido”, ou “você gosta de reggae”, quer dizer que você fuma maconha, ou ainda, “você gosta de funk”, então quer dizer que você dança até o chão e fica com todos.

O engraçado é quando você corresponde as criticas, com estas perguntas: quem ti assegura que uso droga e fico com todos? Há frases mais preconceituosas ainda como: “Garanto que se não tivesse em um baile funk não teria sido abusada”, mas como fica o caso registrado em Toledo de uma garota que foi estuprada quando saia do colégio. Ela não estava em baile funk, estava saindo do colégio e mesmo assim foi abusada sexualmente.

Será que os abusos só acontecem porque a garota usava shorts curte, ou decote e frequenta bailes, festas? Então as mulheres deveriam viver trancadas em casas, se vestirem cobrindo todo o corpo, que o problema com estupros seria erradicado do Brasil. Então a liberdade da mulher usar a roupa que ela quer, curtir e dançar  o que ela gosta não pode, porque o homem não consegue segurar seus instintos.

Posso aqui citar o que a cantora de funk Anitta, disse em um show: “Um dia, eu prometo para vocês que eu vou fazer o nosso funk carioca ser respeitado no nosso país. Porque o nosso funk nasceu aqui, foi feito aqui e ele merece ser respeitado sim. Uma vez eu peguei um cara que falou assim pra mim: ‘Se tu fosse minha mulher, a primeira coisa que ia mudar e esse rebolado aí na frente dos outros. Aí eu falei, ‘ah, entendi, pra me pegar é legal; pra ser tua mulher não dá’. Hipocrisia é que não dá, sabe por quê? Eu prefiro ficar sozinha do que ser subordinada.”

Para as frases dos demais termos preconceitos de estilos musicais eu digo: eu curto Reggae e Rock sim, mas nem por isso, eu uso drogas ou sou mau educada. Em Toledo no ano passado ocorreu duas edições do Rockato, cujo evento é feito pela secretária de cultura e pela Associação de Focinhos Carentes de Toledo. Objetivo é arrecadar verbas, para a intuição. Nas duas edições não houve registro de nenhum furto, crime e como a secretária informou, no dia seguinte dos shows não havia sujeiras espalhadas pelo chão.

Para também os maus informados sobre música sertaneja há muitos cantores sertanejos que são formados em música e tocam vários instrumentos. Posso citar o cantor, compositor e instrumentista, Michel Teló. Ele toca violão, bateria, sanfona e ukulele. Sem duvida o discurso de muitos nesse momento de que sertanejo não tem cultura e serve apenas para pessoas que sabem tocar apenas violão é desconstruído.

Percebo como a sociedade está enraíza em crenças, em achoqueísmos, em opiniões que só a minha e a verdadeira e a certa. Onde a liberdade do outro não importa ou não interessa. Porque só aquilo que pra você é bom, é verdadeiro e correto importa. Não se dá vez e voz ao outro, não se consegue mais ouvir o outro, sentir o outro lado da história, mas nem tudo está perdido.

A luta para que esse repeito continua, onde muitas barreiras estão sendo quebradas, como a mistura de estilo musicais em uma só melodia. Rádios que estão inovando, onde não se tocava sertanejo é agora se escuta. Mas para certas situações acredito que falta a sociedade seguir o real significado dessas duas palavras, liberdade e intolerância.


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