Desde a noite do dia 17 é difícil ver
notícias e conversas que fujam do assunto referente aos escândalos envolvendo o
presidente Michel Temer e outros engravatados. Não me surpreende, devido ao
calibre dos fatos. Também é nítido que discutir política se tornou algo mais habitual
na sociedade desde as manifestações e ações que culminaram no impeachment da
presidente Dilma Rousseff, em 2016.
Vamos voltar um pouco no tempo, justamente
para as manifestações pró e contra impeachment, lá no discurso de que “O
Gigante Acordou”. Com as mobilizações sociais, houve uma união e uma separação
da nação. Era oito ou 80. A sociedade, finalmente, caminhava para uma
criticidade política mais evoluída, no entanto, na bagagem, a intolerância vinha
junto. Desde então, os ataques contra as ações corruptas, roubo generalizado e péssima
administração do país tinham a mesma proporção que os ataques contra pessoas
com ideologias divergentes. Um desvio de objetivo.
Penso que ações desse gênero derivam
de uma deficiência na educação. Volte um pouco mais no tempo e resgate em sua
memória os tempos de infância, lá na escola, onde todos se dividiam em grupos,
onde um queria ser melhor que o outro, onde a competição e o egocentrismo eram
fortes. “Mas tudo bem, crianças são assim mesmo”, você pode ter pensado. Agora,
olha ao redor e responda: algo mudou na vida adulta? Ambientes de trabalho onde
pessoas não se suportam, onde não há cooperação, pessoas que passam umas pelas
outras como se vivessem isoladas – acho que cumprimentar deve ser dolorido para
alguns. Esses comportamentos refletem em todas as relações, inclusive, quando o
assunto é política.
Creio que enquanto o nariz empinado e
as opiniões próprias totalmente engessadas barrarem a capacidade de discussões
saudáveis e trocas de ideias, permaneceremos estacionados no mesmo lugar. Não
há, na sociedade, uma capacidade de pensar em grupo, lutar por um bem geral, as
pessoas preferem fechar os olhos e os ouvidos para os outros. Enquanto a
sociedade não evoluir, uma evolução política não passará de utopia. Culpamos a
justiça de ser cega, mas e nós, não somos?
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