sexta-feira, 19 de maio de 2017

Futebol, o esporte que une... intolerantes!



Um esporte que deveria unir famílias, unir amigos e porque não, unir nações, deixa muito a desejar quando se trata da própria união. Vejo inúmeros casos de racismo, brigas generalizadas entre torcedores, até mesmo mortes em estádios. Ao mesmo tempo que digo que isso tem que acabar, percebo que não é tão simples assim. O ser humano é a maior ameaça contra a dignidade de outro ser humano.

Recentemente, o brasileiro Everton Luiz que é jogador do Partizan Belgrado da Sérvia, foi vítima de racismo por parte da torcida. Depois de algum tempo, o volante percebeu que os sons de macaco que ecoavam no estádio, estavam sendo direcionados para ele. O jogador saiu de campo chorando e precisou ser amparado por seus companheiros. Casos de racismo no futebol não se resumem só em outros países, está na nossa frente, mais perto do que imaginamos. Mês passado eu fui ao estádio prestigiar o time da casa em uma partida válida pelo Campeonato Paranaense, quando me dei conta um senhor acompanhado de uma criança, gritavam ‘preto safado’, em ofensa ao árbitro da partida. É isso mesmo que você leu! Eu presenciei uma criança cometendo ato de racismo.

Falando em futebol paranaense, há alguns dias, foi cancelado o jogo entre Atlético Paranaense e Coritiba. O que era para ser marcado como um jogo de união, onde os jogadores fizeram um espetáculo conjunto antes da partida que não aconteceu, caiu por terra. A torcida organizada entre os dois clubes promoveu uma briga generalizada, resultando na morte de um torcedor.

Pior mesmo do que denegrir a dignidade de uma pessoa, é a violência física. Já virou rotina brigas entre torcidas organizadas nos estádios. Até hoje não entendo o porquê do nome “organizada”, sendo que é sempre uma confusão geral. E não se limita a brigas entre torcidas rivais não, ontem Moacir Bianchi, o fundador da Mancha Verde, a torcida organizada do Palmeiras, foi assassinado em uma emboscada com 22 disparos de arma de fogo, onde os principais suspeitos não são torcedores rivais, são os próprios membros da torcida palmeirense. Percebo que a divergência de opiniões tornou-se ponto vital na violência futebolística.

A situação de intolerância no futebol não é algo novo, dando uma de Marty McFly, o personagem fictício do filme De Volta para o Futuro, percebo que isso ocorre desde sempre. O futebol moderno foi criado em 1863, já o primeiro caso de violência foi registrado em 1885, quando o que era para ser uma partida de futebol, tornou-se um ringue com uma luta brutal entre todos os jogadores do Aston Villa e Preston North End da Inglaterra.

Já mencionei racismo, violência, mas não posso deixar de comentar sobre a homossexualidade. Em pleno 2017, o preconceito com a orientação sexual assombra até mesmo no futebol. São poucos os atletas que assumem sua homoafetividade, por medo do preconceito, seja perante a torcida, seja perante os próprios companheiros de clube. O presidente do Vasco, Eurico Miranda, afirmou mês passado que é contra árbitros Gays no futebol. “Eu não sou contra o gay. Me manifestei no futebol sobre isso por ser contra árbitro gay. Isso desde lá atrás. Motivo de eu ser contra? Não tenho nada contra o gay. Agora, contra a bicha, a bicha extrovertida e toda cheia de coisa”, relatou o presidente. Afirmo que é esse tipo de comentário que intimida os esportistas a assumirem sua orientação sexual. Não bastasse todos os tipos de violências físicas e verbais, ainda restam as violências emocionais.

A Federação Internacional de Futebol (FIFA) até que tenta amenizar um pouco essa situação, criaram um prêmio Fair Play, convidando os participantes do mundo do futebol a mostrar ações de valores, anualmente, a entidade entrega prêmios para pessoas, clubes, associações ou entidades que praticam algum tipo de atitude que transmitam valores do Fair Play. Basicamente Fair Play significa o modo leal de agir. Eu gosto disso, são essas pequenas ações que contribuem para um mundo melhor. Mas, infelizmente, ainda é muito pouco, voltamos á premissa de que o ser humano é o maior problema do futebol.

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