Tã tã tã tã tã tã tã tã tã tã tã tã tãn... O
plantão da Globo emitiu seu som alarmante sobre as casas brasileiras. Quem
estava no sofá, rapidamente, voltou o olhar para a televisão. Eu que estava
jantando com minha mãe, não deixei de dedicar minha atenção à tela de plasma
retangular de 29 polegadas para ouvir cada detalhe do que seria noticiado.
Era quarta-feira, dezessete, com clima frio
em pleno mês cinco, por volta das sete e quarenta, e eu que deveria estar na aula
de Gêneros do Jornalismo Opinativo, estava em casa pensando no chazinho de
minha avó, o único remédio bom o suficiente para que minha garganta voltasse a
ser saudável. Desde segunda-feira, o clima indeciso dos extremos frio e calor,
se uniu a chuva e acabou com o bem-estar do meu órgão interno do pescoço. Mas,
sobre aquela vinheta... foi tão alarmante quanto sirene de ambulância, tão
gritante quanto choro de recém-nascido às duas da manhã, tão curiosa quanto a
vontade de saber o que seria noticiado. Perdi a lembrança do chá de minha avó
em meio segundo.
Na mesa estavam dois pratos – as panelas
dispostas no cooktop de quatro bocas que já tínhamos há três anos – e a comida
estava maravilhosa: arroz, feijão, carne de panela e salada de repolho. A
refeição tipicamente brasileira, com costumes tipicamente atuais de jantar com a
televisão ligada. Tive sorte, a sala conjugada com a cozinha facilitou a virada
brusca para o aparelho televisivo quando o som espalhou-se na casa. Não perdi
um segundo do boletim.
As primeiras palavras da notícia foram ditas
e os olhares vidrados permaneciam ansiosos por cada verbo que construía o
discurso daquele plantão. Eu que preciso me pronunciar sempre que ouço algo –
dizem que é culpa do signo de gêmeos ligado à comunicação – me apeguei calada.
Primeiro, porque naquele momento não era cabível qualquer comentário, e segundo
porque é de costume: “escuta lá!”, ser interditada por minha mãe quando ela
quer muito ouvir algo e eu atrapalho pela euforia momentânea de transmitir
alguma fala.
Ao fim do boletim, meu olhar voltando-se para
o rosto de minha mãe, enquanto ela fazia o mesmo foi de caráter cômico devido às
expressões – nós rimos – e eu, que estudo jornalismo, mas sou amante mesmo é de
história queria acreditar que vivi para ver aquele plantão. “Que momento
marcante!”, exclamei. E no meio tempo, muito rápido pude ouvir de minha mãe: “Temer
desmascarado, mais um político ladrão. Legal, agora me conte uma novidade”.
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