quarta-feira, 5 de julho de 2017

Apocalipse zumbi


Depois de incansáveis dias lutando por nossa sobrevivência, Léo, Lucas e eu finalmente chegávamos ao nosso objetivo. Ou quase isso. Alguns metros e estaríamos em segurança na única fortaleza que sobrou na cidade depois do maldito surto de zumbis.
- Porque não damos a volta no parque mesmo? – perguntei enquanto encarava com meus binóculos uma horda de mortos-vivos espalhada por entre as árvores.
- Vou responder com outra pergunta Nanda. O que você prefere: Enfrentar cem zumbis ou só cinquenta? – Léo estava parado ao meu lado, organizando sua mochila.
            Suspirei pesadamente, guardando o aparelho.
- Não interessa o número, se fizermos barulho os cinquenta daqui de dentro logo se tornarão duzentos – resmunguei.
- Saiam da entrada vocês dois! – Lucas nos chamou para trás do banco onde estava. – E não importa o tanto de inimigos, temos que atravessar o parque de um jeito ou de outro se quisermos chegar ao acampamento.
- Ok, já entendi que é agora ou nunca. Léo, conseguiu analisar a área?
- Boa parte, mas não tudo – ele respondeu. – Detectei quinze corredores e uns trinta carniceiros.
            Corredores são zumbis em estado avançado de infecção, não podem nos ver, mas são rápidos e mortais se nos alcançarem, já os carniceiros podem nos ver, mas felizmente são lentos. Ou seja, estávamos com um pouco de vantagem quanto aos números.
- Ok, então pelo menos quinze não nos enxergam. – Lucas começou a estalar baixinho a língua, algo que sempre fazia quando pensava em um plano. – Nanda, deixe a pistola de lado e use o arco e flecha. Léo, eu e você vamos de facas, beleza?
- Furtivamente? – o outro riu baixo estralando os dedos. – Deixa comigo.
            Guardei a pistola e armei o arco com uma flecha. Não era minha arma favorita, mas para o momento era a melhor existente. Saímos de trás do banco e descemos o pequeno barranco até as árvores mais próximas, pulando de uma para outra silenciosamente.
            A situação até que estava ao nosso favor apesar de ser quase dez horas da noite. A luz da lua nos dava uma boa visão do lugar, então não precisávamos utilizar as lanternas. Os infectados estavam bem espalhados, o que também facilitaria nosso trabalho de extermínio.
            Léo foi o primeiro a agir, acabando rapidamente com três carniceiros à minha direita. Lucas também começou a trabalhar, dando conta de um carniceiro e dois corredores à frente. Meu objetivo maior eram os corredores, que mesmo não nos enxergando, tinham uma ótima audição e poderiam nos detectar facilmente. E mais alguns metros adiante comecei a me divertir. Um, dois, três, minhas flechas eram certeiras, bem na cabeça.
            Tudo estava uma maravilha, mas é claro que nossa felicidade durou pouco, e ela acabou nas pernas de Léo, que esbarraram em uma lata de lixo que se desprendeu de sua base e saiu rolando pelo caminho de tijolos que circulava o parque.
            Ficamos cinco segundos congelados, talvez torcendo para que não tivessem nos ouvido, mas nossa sorte havia acabado de vez. Logo uma onda de mortos-vivos apareceu de praticamente todos os cantos.
- LÉO, EU VOU TE MATAR!!! – me desfiz do meu arco e flecha e peguei a pistola, já atirando nos zumbis mais próximos.
- CORRAM PRO PORTAL LESTE!! – Lucas passou correndo do meu lado, também atirando com sua escopeta.
            Logo estávamos os três correndo, atirando e socando todos aqueles malditos à nossa volta.
- Não vamos conseguir entrar na fortaleza assim! – berrei para os dois, a minha velocidade diminuindo, mostrando meu cansaço.
- Tenho uma ideia! – quase fiquei feliz ao ouvir isso, mas o problema era quem havia dito: Léo.
            E os planos dele eram sempre os mais imbecis. Quando fui olhar o que ele estava fazendo, o vi mexer em sua mochila e pegar duas latas com várias pontas se projetando delas.
- Bomba de...
- ADIÓS SEU BABACAS!
            Ele jogou as bombas de prego no meio da multidão, as mesmas detonando no momento em que tocaram o chão e levando consigo vários zumbis. Plano retardado e quase suicida, mas que pelo menos nos deu um pouco de espaço. Começamos a subir um barranco mais íngreme, o que ironicamente me deixou feliz, pois isso queria dizer que a saída estava logo à frente.
- Estamos quase! – ofeguei, olhando para trás.
            Uma coisa bem idiota de se fazer, pois chutando alto, uns cem mortos-vivos vinham em nosso encalço.
- Droga! – voltei a correr o máximo que podia.
- Isso só pode ser sacanagem! – Lucas resmungou exasperado.
- Vocês dois tem várias garrafas de álcool nas mochilas não é? – o tom de Léo era quase maníaco.
- Por? – perguntei.
            Léo manteve-se em silêncio até chegarmos perto da fortaleza.
- Ok, peguem as garrafas. – começou ele, trocando de arma.
- Isso é um...?
- Não temos tempo Nanda! – Lucas já estava com as garrafas em mãos.
            Bufei e abri minha mochila, pegando as minhas também.
- Joguem agora!
            E seguindo um plano completamente idiota e sem a certeza de êxito, jogamos as garrafas de álcool sobre o grupo de zumbis no momento em que Léo ligava o lança-chamas que carregava.
            Os zumbis mais próximos viraram churrasco e o fogo se alastrou até os outros, o que nos deu tempo o suficiente para voltar a correr e chegar à fortaleza. Sinalizamos para os guardas e os portões de metal se abriram.
            Corremos para dentro e assim que me vi em segurança larguei o controle e respirei fundo.
- Conseguimos! – ouvi Léo gritar de felicidade.
- E sem morrermos cinco vezes como na outra partida – Lucas riu sozinho.
            Depois de me espreguiçar ajeitei meu microfone e voltei os olhos para a tela do computador.
- Boa partida galera, - encarei o relógio do celular que marcava três horas da madrugada. – Mas eu estou indo dormir, amanhã temos aula.

            E me despedindo de Lucas e Léo desliguei o computador e fui para cama. Com nossa maestria nos jogos acho que sobreviveríamos bem em um apocalipse zumbi.

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