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Ela tinha dezoito anos, um marido de vinte e três e uma filha de dez meses.
Um
dia como todos os outros, a tarde tinha aspecto bom, clima agradável e a casa
da família precisava de alguns produtos da mercearia. O marido, comerciante de
peixes na região, havia terminado sua lida diária. Com o carrinho adaptado que
portava os peixes pescados por ele mesmo, subia pela rua de sua casa e
finalizava suas vendas. Missão cumprida, ele foi a seu lar mimar a pequena
criança que recém havia nascido... sua pequena filha.
Ao
chegar a casa e constatar a falta dos produtos, subira até a mercearia mais
próxima de sua residência. Ele sempre ia lá. Como quem esperava a despedida, pegou
a criança em seus braços, beijou e a colocou no berço. Uma bitoca em sua esposa
e a frase “fique com Deus”. Dirigiu-se a pé até o local. O lugar onde a
fatalidade viria ocorrer.
Uma
mercearia há uma quadra de sua casa, um bar. Homens jogavam baralho, ele não
deixou de se sentar para tomar a merecida breja e se
juntar ao jogo. Discussões ocorreram, mesas, cadeiras e garrafas de cerveja
foram ao alto e o dono do estabelecimento contatou a policia local.
O
marido dela se retira da mercearia. Lá fora, já a caminho de sua casa, de
costas e com sacolas de compra nas mãos é atingido na nuca por duas balas
disparadas. As balas atravessaram seu crânio e violentamente perfuraram sua
testa. O som dos disparos ela pode ouvir. A criança chorou. A rua chorou, e o
clima do dia que era bom, se configurou em tristeza e lamento.
Ela
dezoito anos, a pequena menina dez meses. E agora? Indefesas e sem meios de
saída. O mundo daquela jovem mulher mãe já não era mais colorido. Problemas e
medos a colocaram em duvida para consigo mesma. No entanto, os dias passavam e
sua única certeza era de que ela precisava vencer. Pés no chão, ela seguiu
firme. Sem marido, sem alento, somente com a filha. Ela seguiu.
Era
corajosa. Era mulher e era mãe.
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