quinta-feira, 6 de julho de 2017

Ele está chegando

 
    Os meses passando e eu feliz, trabalhando e estudando... Aquela velha rotina de sempre, mas um calafrio sempre me assombrava. Ele estava chegando. Eu o conhecia muito bem, pois já nos encontramos pelo menos 27 vezes, mesmo, assim, sempre tive aquele medo. Ele era muito frio com todos, mesmo, assim, alguns gostavam dele, outros simplesmente, assim, como eu, o odiavam. Finalmente estava chegando o grande dia, ia encontrá-lo mais uma vez amanhã. Já acordei todo tenso, me arrumei e fui trabalhar. Passei no supermercado comprar uma lata de salsichas, pois amanhã era o grande dia, então, hoje teria que ser especial. Tomei aquele café quentinho preparado pela “tia”, com um pão francês recheado com as salsichas enlatadas.

    - Que nojo essas salsichas. Balbuciava uma colega de trabalho.

    Outro pediu licença e pegou uma das salsichas. O ambiente era acostumado com pão com margarina, que as salsichas acabaram virando pauta do dia em todo o trabalho. Não era para menos, tudo o que é diferente chama atenção. Não liguei, afinal, digam o que quiser, eu gosto.

    - Na minha sala agora. – Já não bastava amanhã que iria me encontrar com ele, ainda meu chefe me chama com voz de bravo para a sala dele, o que seria?

    - Pronto.

    - Que? Há, liguei errado.

    Segue o dia, trabalhos e mais trabalhos. Ainda encontrei tempo livre para ajustar algumas atividades da faculdade, já era quase meio dia. Hora do almoço, bateu aquele sorriso. De repente a tristeza, já era quase hora dele chegar.

    Hoje fui trabalhar a pé, então pude ligar para a namorada durante o trajeto de casa. TU TU TU TU – Deixe seu recado sem pagar nada após o sss. – Odeio essa operadora.

    Chegando em casa, minha mãe também sabia que ele chegaria amanhã, não sei se fez o almoço pensando nisso ou não, mas não gostei muito. Sopa nunca foi dos meus pratos preferidos. Mas aquele barulho do meu pai chupando o caldo da sopa me incomodava bastante. Meu pai também não gostava de sopa, mas estava feliz, ele tinha um hábito de gostar de coisas que ninguém gostava.

    - Hoje tem sobremesa! – Dizia meu pai sorrindo.

    - Oba! – Já se alegrava meu irmão.

    Ninguém parecia se importar muito com quem estava para chegar amanhã, mas tudo bem, curtindo o momento já perguntei se a sobremesa era chocolate. Mas não, era gelatina. Me senti em um hospital, tomando canja, comendo gelatina e com o nariz escorrendo. Podia ser minha renite ou quem sabe a tensão de ele estar chegando?

    Voltando para o trabalho, mais um dia rotineiro, assim como foi ontem, também como será amanhã. Apesar de rotineiro, o tempo passa rápido quando você gosta de alguma coisa. Assim que deu 18 horas, peguei o carro e já fui em direção a faculdade. – Sim, fui trabalhar de carro a tarde, pois precisava ir mais cedo para a faculdade, umas regras idiotas sobre devolver equipamentos antes das 19 horas. O que faz perder minha janta. Mas tudo bem, não importa. Passei a aula toda com calafrios, ele estava chegando.

    Cheguei em casa, tomei banho e fui direto dormir, pensando em todo o sofrimento que seria depois que ele chegasse. Não havia nada que pudesse ser feito quanto a isso, ele chegaria. Apesar de tudo, dormi rápido. Acordei todo babado, levantei e fui logo me arrumar, era o grande dia. Para todos, um dia normal, para mim, ele havia chegado. A rotina precisava ser mantida, peguei um casaco a mais e fui para o trabalho. Na frente de casa tem daqueles reloginhos publicitários que todo mundo adora.

    - Meu Deus que frio, dois graus! – O inverno havia chegado.

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