Um foco de luz se acende no
meio do palco revelando um jovem de cabelos castanhos espetados, pele morena e
olhos verde-petróleo.
- Yo! – ele levanta a mão em
saudação. – E aí gente tudo bem?
Ninguém responde.
- Não sei vocês, mas eu
estou bem. Surtando um pouco por estar aqui em cima desse palco na frente de
vocês, mas bem. – ele começa a andar de um lado para o outro.
- Bom, me mandaram aqui para
falar um pouco de mim e cá estou eu então... vamos lá.
O rapaz pigarreia e começa
sua história.
- Eu nasci... bom, não sei
exatamente quando nasci, mas foi a um bom tempo atrás. E como vocês podem ver,
sou bem mais novo que meus colegas que se apresentaram antes. Já tive diversos
nomes até me batizarem com um definitivo e vou dizer uma coisa... era um pior
que o outro hein?
Alguns risos baixos se
espalham pela plateia.
- Desde que nasci passei por
muitas coisas. Fui assaltado, apanhei, caí, levantei, caí de novo e depois de
me arrastar um pouco levantei novamente. E caso se perguntem como estou vivo...
é uma ótima pergunta. Tão boa que nem eu sei a resposta.
Mais risos.
- Mas todas essas quedas e
surras me fizeram crescer, ah como fizeram... e não só a mim, como a meus
filhos também.
O rapaz nota alguns olhares
surpresos.
- O que foi? Posso ser
jovem, mas já tenho filhos sabiam? E muitos diga-se de passagem. Um mais
brilhante do que o outro, e não estou dizendo isso como pai coruja hein? Eles
são bons mesmo. Está certo que as vezes tendem a se matar, mas... faz parte.
Outra pequena onda de risos.
- Acham que ser pai é fácil?
É nada. Meus filhos quase me deixam maluco quando resolvem brigar para decidir
quem manda em quem. Apesar disso me enchem de orgulho quando, por exemplo, vão
torcer por um irmão em uma competição esportiva. Ainda mais se for futebol, ah
o futebol.... Meu esporte favorito.
Comentários são sussurrados na
plateia mostrando que concordam com o jovem.
- É... – ele continua. – Uma
coisa engraçada das minhas crianças é que eles estão sempre discutindo e se
acusando, mas quando alguém de fora vem meter o bedelho... Vish, eles viram o
bicho e se defendem a todo custo.
Os pais que assistiam
balançam a cabeça, se identificando.
- Como em qualquer família
vejo meus filhos crescerem, amadurecerem e saírem de casa para conhecerem o
mundo. É com um aperto no coração que os deixo partir, porém é com imensa
felicidade que os recebo quando voltam. Sensação indescritível essa.
O público concorda com
acenos.
- Por fim digo que não sou
um pai perfeito, entretanto tenho uma família maravilhosa e passo a cada um de
meus herdeiros minhas melhores qualidades. Hospitalidade, simpatia, alegria,
criatividade e é claro, a irritante mania de nunca desistir.
Sorrisos se espalhavam por
toda a plateia.
- É, vocês sabem do que
estou falando né? – o rapaz aponta o dedo para o pessoal, brincando. – E também
tenho certeza que já descobriram quem sou. – um sorriso ilumina seu rosto
jovial.
A maioria assente e comenta
com as pessoas ao lado.
- Apesar de sempre receber
críticas sei entender todos os sotaques, possuo a magia de unir todas as raças,
de todos os credos e tenho mais de 190 milhões de filhos. Meu nome? Brasil.
O rapaz se curva sob uma
chuva de aplausos e o foco de luz se apaga.
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