quarta-feira, 5 de julho de 2017

Quem sou eu


Um foco de luz se acende no meio do palco revelando um jovem de cabelos castanhos espetados, pele morena e olhos verde-petróleo.
- Yo! – ele levanta a mão em saudação. – E aí gente tudo bem?
Ninguém responde.
- Não sei vocês, mas eu estou bem. Surtando um pouco por estar aqui em cima desse palco na frente de vocês, mas bem. – ele começa a andar de um lado para o outro.
- Bom, me mandaram aqui para falar um pouco de mim e cá estou eu então... vamos lá.
O rapaz pigarreia e começa sua história.
- Eu nasci... bom, não sei exatamente quando nasci, mas foi a um bom tempo atrás. E como vocês podem ver, sou bem mais novo que meus colegas que se apresentaram antes. Já tive diversos nomes até me batizarem com um definitivo e vou dizer uma coisa... era um pior que o outro hein?
Alguns risos baixos se espalham pela plateia.
- Desde que nasci passei por muitas coisas. Fui assaltado, apanhei, caí, levantei, caí de novo e depois de me arrastar um pouco levantei novamente. E caso se perguntem como estou vivo... é uma ótima pergunta. Tão boa que nem eu sei a resposta.
Mais risos.
- Mas todas essas quedas e surras me fizeram crescer, ah como fizeram... e não só a mim, como a meus filhos também.
O rapaz nota alguns olhares surpresos.
- O que foi? Posso ser jovem, mas já tenho filhos sabiam? E muitos diga-se de passagem. Um mais brilhante do que o outro, e não estou dizendo isso como pai coruja hein? Eles são bons mesmo. Está certo que as vezes tendem a se matar, mas... faz parte.
Outra pequena onda de risos.
- Acham que ser pai é fácil? É nada. Meus filhos quase me deixam maluco quando resolvem brigar para decidir quem manda em quem. Apesar disso me enchem de orgulho quando, por exemplo, vão torcer por um irmão em uma competição esportiva. Ainda mais se for futebol, ah o futebol.... Meu esporte favorito.
Comentários são sussurrados na plateia mostrando que concordam com o jovem.
- É... – ele continua. – Uma coisa engraçada das minhas crianças é que eles estão sempre discutindo e se acusando, mas quando alguém de fora vem meter o bedelho... Vish, eles viram o bicho e se defendem a todo custo.
Os pais que assistiam balançam a cabeça, se identificando.
- Como em qualquer família vejo meus filhos crescerem, amadurecerem e saírem de casa para conhecerem o mundo. É com um aperto no coração que os deixo partir, porém é com imensa felicidade que os recebo quando voltam. Sensação indescritível essa.
O público concorda com acenos.
- Por fim digo que não sou um pai perfeito, entretanto tenho uma família maravilhosa e passo a cada um de meus herdeiros minhas melhores qualidades. Hospitalidade, simpatia, alegria, criatividade e é claro, a irritante mania de nunca desistir.
Sorrisos se espalhavam por toda a plateia.
- É, vocês sabem do que estou falando né? – o rapaz aponta o dedo para o pessoal, brincando. – E também tenho certeza que já descobriram quem sou. – um sorriso ilumina seu rosto jovial.
A maioria assente e comenta com as pessoas ao lado.
- Apesar de sempre receber críticas sei entender todos os sotaques, possuo a magia de unir todas as raças, de todos os credos e tenho mais de 190 milhões de filhos. Meu nome? Brasil.
O rapaz se curva sob uma chuva de aplausos e o foco de luz se apaga. 

0 comentários:

Postar um comentário