Domingo,
16 de dezembro de 2012, uma manhã comum para a maioria dos brasileiros naquele
dia. Meu pai sempre foi presente em minha vida e, claro, essa não foi a única vez
em que o vi emocionado, mas esse episódio foi diferente. Meu velho me ensinou
muita coisa nessa vida, entre elas, o amor ao futebol e, principalmente, ao
Sport Club Corinthians Paulista, nosso time do coração.
Esse
16 de dezembro é um dia lembrado por todo amante do futebol, mas,
principalmente, para o corinthiano, Copa do Mundo de Clubes da FIFA de 2012, a
grande final entre Corinthians x Chelsea da Inglaterra. Esse ano já havia
entrado para história do clube paulista com a conquista da Copa Libertadores da
América após 102 anos de história, depois de uma campanha invicta.
Se
há uma coisa em nossa casa que sempre nos manteve unidos, com certeza, é o
futebol, mas naquele ano meu pai estava trabalhando em outra cidade e não
tivemos a oportunidade de assistir juntos nenhum dos 14 jogos da campanha da
Libertadores. Após o Corinthians se classificar à final do mundial, meu pai me
ligou, era sexta-feira e ele me convidou para assistir o jogo em sua casa. Como
era no domingo às oito horas da manhã, íamos poder depois de muito tempo
acompanhar uma partida de futebol juntos. E pra lá eu fui, cheguei com uma meia
hora de antecedência, minha madrasta havia preparado o café, meu pai e um de
meus irmãos já estavam acordados e, finalmente, começou o jogo, e que jogo meus
amigos.
A
atmosfera no estádio de Yokohama era incrível, público de 68.275 expectadores,
os loucos haviam invadido o Japão, desse público entre 20 e 30 mil fanáticos corinthianos
cruzaram o mundo para apoiar o time, e como eles fizeram a diferença,
empurraram o início ao fim, meu pai, meu irmão, eu e os outros quase 30
milhões, torcíamos das casas, bares, clubes. No primeiro tempo, o goleiro corinthiano
Cássio se tornou santo, fez milagres, literalmente fechou o gol, em casa quase
morríamos do coração, mas não perdíamos a esperança, embora pressionados,
seguimos confiantes no time e também no Seu Adenor, o Tite, nosso treinador.
Não sei o que ele fez no intervalo para motivar os atletas, mas foi outro time
que voltou para o segundo tempo, agressivo, aguerrido, atacou muito mais, a
fiel torcida empurrava cada vez mais.
Aos
23 minutos do segundo tempo, me lembro como se fosse hoje, Danilo cortou a
marcação e bateu prensado e a bola subiu, subiu, subiu e foi caindo, Paolo
Guerrero subiu e de cabeça fez o gol. Gol! O mundo parou. Quase derrubamos a
casa, meu irmão e eu, não gritávamos gol, a gente só gritava, acabamos
acordando nosso irmão caçula, mas meu pai não, ele ficou paralisado, comemorou,
mas queria mesmo que o jogo acabasse. Depois do gol, o time, a torcida só
cresceram, Chelsea não tinha reação, até que aos 40 minutos Fernando Torres
teve tudo pra fazer o gol de empate, mas o Santo Cássio realizou mais um
milagre, o maior de todos, foi então que aos 46’ o Chelsea marcou o gol, nos
calamos, sem acreditar naquilo, mas Torres estava em posição de impedimento,
comemoramos como se fosse um gol, não tinha mais volta, estávamos há 2 minutos
de conquistar o mundo. E, enfim, o árbitro apitou, final de jogo, sim, o bando
de loucos conquistou o mundo.
Eu
não sabia o que fazer, abracei meus irmãos, gritamos, corremos pela casa, já
meu pai se ajoelhou, ergueu as mãos para o céu, agradeceu a Deus, com os olhos
cheios d'água, nos abraçou por alguns minutos e voltou para frente da TV para
ver a entrega das medalhas e dos troféus, e para disfarçar a emoção, mas
ninguém se importava com isso.
Esse
dia entrou para história das nossas vidas, dia 16 dezembro de 2012, não só pelo
título do Mundial de Clubes do Corinthians, mas porque foi o dia que meu pai
chorou.
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