Eu não sou assim tão saudosista, sou
daqueles que pensam mais no futuro do que no passado, mas se tratando das tais
redes sociais não tem como não sentir saudades do Orkut.
Para mim, o Orkut sempre será a melhor
rede social da história do mundo! Hoje as redes sociais estão cheias de
confronto de egos. As pessoas postam fotos, notícias repletas de inverdades,
tudo pelas curtidas ou seguidores; fotos que se dissolvem em dez segundos e
nunca mais serão vistas.
O Orkut teve seu auge entre 2005 e 2011,
chegando a ter 29 milhões de usuários no Brasil. Eu era um daqueles que se
recusava a usar o Facebook, simplesmente porque sentia que não precisava
daquilo, que o Orkut era realmente melhor. Porém, pela sensação de estar ali
sozinho, sendo que todos os meus amigos já tinham se migrado para o “face”, fui
convencido a mudar de plataforma, mas durante alguns meses eu ainda loguei no
Orkut pra ver se alguém tinha deixado algum scrap.
Scrap, sorte do dia, depoimentos,
comunidades, Buddy Poke e tantas outras funções. Se você era jovem demais entre
os anos do auge do Orkut, essas palavras podem não trazer um impacto para você,
mas para nós – a geração dos 2000 - essas coisas que parecem tão bobas faziam
nossa alegria. O diferencial que o Orkut tinha para mim é justamente isso: a
maioria estava ali só pela zoeira, pela alegria.
Acordar e ter a “Sorte do Dia” para ler.
O Orkut era conselheiro, recebíamos diariamente mensagens inspiradoras do tipo
“Quer ser amado, seja amável”; os textões do “face” os quais hoje sou adepto,
mas que são criticados pela maioria dos usuários, no Orkut eram muitos
cobiçados e aguardados, seja de parentes, amigos, paqueras. Contudo, era um
sistema que falhava. Às vezes o usuário mandava um segredo via depoimento e por
engano (ou não) era aceito e aquilo acabava se tornando público.
O Orkut também entregava as
“Stalkeadas”; caso você visitasse um perfil a pessoa saberia inclusive a
contagem de visitas da semana. Alguns iam tirar satisfação, “Me visita e não me
adiciona”, “Me adiciona e não deixa scrap”. Scraps eram recados públicos,
ficava lá para todo mundo ver. Uns preferiam deixar a contagem para mostrar a
popularidade, outros não tão populares mantinham a caixa de recados vazia.
Durante o período do auge, o Orkut
revolucionou o mundo ao criar o Buddy Puke. Um aplicativo com gráficos
estranhos que permitia aos usuários a criação de um personagem que em tese era
para seu o “avatar”. A melhor parte era a interação com outros amigos, coisas
como: dar abraços de urso, rosas, cutucar e até dar beijos. Logicamente
polêmicas não faltavam.
Eu não acordava cedo por nada nessa
vida, o Orkut me faz mudar isso para evitar furtos na Colheita Feliz. A Colheita Feliz foi um simulador de fazenda
em tempo real. O jogo permitia que os membros do Orkut cuidassem de uma fazenda
virtual. Plantar, cultivar, além de criar animais. Passávamos horas plantando,
colhendo e também roubando nossos amiguinhos.
E por fim, não poderia deixar de falar no
que para mim era maior atrativo do Orkut, e o que me causa esse sentimento
nostálgico as comunidades do Orkut. Tinha de tudo ali, tudo mesmo! Quem não se
lembra das páginas “Eu Odeio Acordar Cedo” ou “Tocava Campainha e Corria”? Era
o lugar para trocar ideias e conhecer gente nova, as páginas mostravam como a
gente era. Elas ficavam explicitas, todas elas, a gente não ligava e a maioria
não fazia nenhum sentido. No entanto, parte do legado do Orkut permanece
online: o Google mantém no ar o acervo das comunidades da rede social, caso
você queira matar essa saudade.
Infelizmente, o Orkut chegou ao fim. Em
30 de setembro de 2014, o homem que criou e deu o próprio nome a rede social
Orkut Büyükkökten anunciou a extinção. Na época o Brasil chegou a reunir 88 mil
assinaturas em um abaixo-assinado para que a decisão fosse revogada, mas isso
não aconteceu. O Orkut deu seu último suspiro em uma tarde de terça feira.
A nós fica a nostalgia de lembrar tantas
alegrias que vivemos naqueles dias. Nós crescemos e a tecnologia dia após dia
nos proporciona novas coisas, uma avalanche de novidades a todo instantes, mas
no fundo os “Orkuteiros” queriam mesmo era voltar no tempo e viver num mundo
sem tantas hashtags. Saudades Orkut!
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