A lei da terceirização permite que as
empresas terceirizem todas as atividades – as de meio e inclusive as atividades-fim – responsáveis
pelo desenvolvimento dos serviços os quais a empregadora se constitui. A lei
tomou corpo a partir de 1990 no Brasil, ficou as margens do esquecimento
durante 19 anos e hoje volta a ser discutida no senado. Alem disso, servindo de
pauta aos assuntos veiculados pelos meios de comunicação, que não cessam em
quebrar as bases de neutralidade hipocritamente pregadas dentro do gênero
jornalístico.
O jornal El País, veiculou uma matéria em 29 de março deste ano,
propositalmente período de grande discussão da aprovação da lei. Para
apresentar sua posição contrária, o meio utilizou de artimanhas argumentativas
e altamente expressas por meio da linguagem escrita e estrutura do texto.
Para não falhar em sua posição contrária a retomada da lei pelo atual
presidente Michel Temer, o jornal usa e abusa de termos altamente tendenciosos.
Já no título da matéria, emprega a expressão “bóia-fria.com”, que faz menção a
retrocesso nas leis trabalhistas. Além disso, utiliza a palavra “racha”, de
modo pejorativo, mas forte e intenso ao dizer que o próprio Renan Calheiros,
senador do PMDB reprova a terceirização.
Para estruturar o texto, a jornalista Heloísa Mendonça seleciona
cautelosa e objetivamente as fontes. De início o próprio Renan Calheiros, que
literalmente rompe a liga “PMDBista” ao ser contrário a sanção do projeto de lei. E
para desfecho com chave de ouro, o senador do Partido dos Trabalhadores Paulo
Paim, que abrange detalhes do relatório apresentado a câmara, para que a
proposta de terceirização seja vedada.
O emprego das frases construídas subjetivamente
para dizer que a lei da terceirização deve ser reprovada, foi excepcional para
destacar a intenção contrária do jornal El País. Arquitetar entrevistas com
autoridades políticas favoráveis a posição que nega a terceirização, constrói
uma arma opinativa no gênero da notícia, que no meio informativo de mídia, é
tiro certo.
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