sexta-feira, 19 de maio de 2017

Você é intolerante?


A intolerância mata. Ela precisa acabar. Na contramão da utopia necessária, ela só vem crescendo a cada dia. A intolerância não é fruto só da internet; teve seu princípio a partir do convívio social. Consiste na não aceitação do outro. Não só de uma opinião, mas também de um diferente estilo de vida. Por mais que todos tenham dentro de si um pouco de intolerância, cabe a nós controlá-la e transformá-la em respeito. Algumas pessoas têm sorte por não ter sofrido com intolerância no dia a dia, como eu; porém, algumas perdem a vida por causa dela. É absurdo.

Pode ser por não aceitar a condição sexual de um indivíduo, sua religião, sua classe social, ou até mesmo o ponto de vista do próximo. Muitas vezes, a intolerância culmina na não aceitação da opinião do outro. São vários os exemplos, de diversas localidades. É engraçado parar para pensar e ver que a maioria desses casos acontece em grandes centros urbanos onde o choque de divergências sociais é grande.

O caso mais chocante, que acabou em morte foi o da dona de casa Fabiane Maria de Jesus, de 33 anos. Um boato gerado por uma página no Facebook levou os moradores do Guarujá, em São Paulo, à fúria. A página postou um retrato falado de uma mulher que, supostamente, matava crianças para usar em rituais de magia negra. Ao associarem o retrato à semelhança da mulher, espancaram Fabiane em frente à sua casa. Os vizinhos e o marido de Fabiane disseram que ela sofria de transtorno bipolar e que nunca fez mal a crianças. Nesse caso, duas crianças ficaram sem mãe por conta de um boato. Qual seria o poder dos cidadãos de decidir se ela era culpada ou não?

Na mesma linha de intolerância, as opiniões pessoais acabaram em agressões em Campinas, São Paulo. José Maria da Silva ia para o trabalho, de ônibus, quando sentiu alguém pegando sua carteira de dentro do bolso. Segundo ele, como o bandido não estava armado, José tentou conversar e pegar a carteira de volta. Os passageiros, ao perceberem o furto, já se acharam no direito de linchar o bandido. Provavelmente o ônibus estava cheio daquelas pessoas que dizem: “bandido bom é bandido morto”. Porém, a cobradora do ônibus tinha um pensamento contrário ao da maioria dos passageiros. Para ela, o correto seria imobilizar o ladrão e chamar a polícia. Ela disse que queria evitar a confusão, pois tinha muitas mães com crianças. Muitas pessoas desaprovaram a atitude da cobradora; mas ela disse não se importar para esse tipo de opinião. Para ela, o que importa é a integridade física dela e dos passageiros.

Todas essas manifestações consistem na divergência de opinião. Quando a intolerância ocorre por outros motivos, como, por exemplo: orientação sexual, a crítica e a discussão é sempre mais pesada. Enquanto alguns têm a mente mais aberta, outros não aceitam a liberdade do outro e parte para a agressão. Em plena Avenida Paulista, um estudante de Jornalismo, de 23 anos, sofreu um atentado. Ele foi espancado com lâmpadas fluorescentes enquanto voltava de uma lanchonete com amigos, às 6 horas da manhã. O ataque aconteceu porque os agressores acharam que Luís Alberto Betonio era homossexual. Entretanto, Luís não é. Se não fosse um segurança de uma loja próxima, Luís teria morrido.

Para amenizar a intolerância, que pode terminar em covardia, alguns ativistas procuram meios de trabalhar a aceitação de temas polêmicos na sociedade. Em Cascavel, interior do Paraná, um professor resolveu dar aula vestido de drag queen. Pasmem: a reação dos alunos foi boa! Eles trouxeram várias vezes a discussão à tona durante a aula, já que naquele dia se comemorava o dia internacional de combate à homofobia. É claro que se inserirmos esses tipos de assuntos, principalmente aos jovens, termos uma sociedade futura melhor e mais tolerante. O professor disse que nota uma aceitação maior dos alunos em relação a temas ligados à discriminação e ao preconceito. “Venho percebendo que são pequenos passos, mas a cada ano os alunos demonstram menos resistência em discutir situações nas quais eles são os ditos privilegiados – isto é, os alunos brancos compreenderem a necessidade das cotas raciais, os alunos homens entenderem o machismo em nossa sociedade e, especificamente, naquilo que trabalhei, a maioria de alunos heterossexuais se mostrarem abertos para compreender o que os homossexuais passam e como mudar essa realidade”.

Em meio aos exemplos de tragédias e da tentativa de mudança, podemos ver que é muito mais fácil lutar contra a intolerância do que continuar alimentando ela; se alimentamos, criamos uma sociedade cada vez mais desunida. O mundo sem diferença é sem graça.

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