A
intolerância mata. Ela precisa acabar. Na contramão da utopia necessária, ela
só vem crescendo a cada dia. A intolerância não é fruto só da internet; teve
seu princípio a partir do convívio social. Consiste na não aceitação do outro.
Não só de uma opinião, mas também de um diferente estilo de vida. Por mais que
todos tenham dentro de si um pouco de intolerância, cabe a nós controlá-la e
transformá-la em respeito. Algumas pessoas têm sorte por não ter sofrido com
intolerância no dia a dia, como eu; porém, algumas perdem a vida por causa
dela. É absurdo.
Pode
ser por não aceitar a condição sexual de um indivíduo, sua religião, sua classe
social, ou até mesmo o ponto de vista do próximo. Muitas vezes, a intolerância
culmina na não aceitação da opinião do outro. São vários os exemplos, de
diversas localidades. É engraçado parar para pensar e ver que a maioria desses
casos acontece em grandes centros urbanos onde o choque de divergências sociais
é grande.
O
caso mais chocante, que acabou em morte foi o da dona de casa Fabiane Maria de
Jesus, de 33 anos. Um boato gerado por uma página no Facebook levou os
moradores do Guarujá, em São Paulo, à fúria. A página postou um retrato falado
de uma mulher que, supostamente, matava crianças para usar em rituais de magia
negra. Ao associarem o retrato à semelhança da mulher, espancaram Fabiane em
frente à sua casa. Os vizinhos e o marido de Fabiane disseram que ela sofria de
transtorno bipolar e que nunca fez mal a crianças. Nesse caso, duas crianças
ficaram sem mãe por conta de um boato. Qual seria o poder dos cidadãos de
decidir se ela era culpada ou não?
Na
mesma linha de intolerância, as opiniões pessoais acabaram em agressões em
Campinas, São Paulo. José Maria da Silva ia para o trabalho, de ônibus, quando
sentiu alguém pegando sua carteira de dentro do bolso. Segundo ele, como o
bandido não estava armado, José tentou conversar e pegar a carteira de volta. Os
passageiros, ao perceberem o furto, já se acharam no direito de linchar o
bandido. Provavelmente o ônibus estava cheio daquelas pessoas que dizem:
“bandido bom é bandido morto”. Porém, a cobradora do ônibus tinha um pensamento
contrário ao da maioria dos passageiros. Para ela, o correto seria imobilizar o
ladrão e chamar a polícia. Ela disse que queria evitar a confusão, pois tinha
muitas mães com crianças. Muitas pessoas desaprovaram a atitude da cobradora;
mas ela disse não se importar para esse tipo de opinião. Para ela, o que
importa é a integridade física dela e dos passageiros.
Todas
essas manifestações consistem na divergência de opinião. Quando a intolerância
ocorre por outros motivos, como, por exemplo: orientação sexual, a crítica e a
discussão é sempre mais pesada. Enquanto alguns têm a mente mais aberta, outros
não aceitam a liberdade do outro e parte para a agressão. Em plena Avenida
Paulista, um estudante de Jornalismo, de 23 anos, sofreu um atentado. Ele foi
espancado com lâmpadas fluorescentes enquanto voltava de uma lanchonete com
amigos, às 6 horas da manhã. O ataque aconteceu porque os agressores acharam
que Luís Alberto Betonio era homossexual. Entretanto, Luís não é. Se não fosse
um segurança de uma loja próxima, Luís teria morrido.
Para
amenizar a intolerância, que pode terminar em covardia, alguns ativistas
procuram meios de trabalhar a aceitação de temas polêmicos na sociedade. Em
Cascavel, interior do Paraná, um professor resolveu dar aula vestido de drag queen.
Pasmem: a reação dos alunos foi boa! Eles trouxeram várias vezes a discussão à
tona durante a aula, já que naquele dia se comemorava o dia internacional de
combate à homofobia. É claro que se inserirmos esses tipos de assuntos,
principalmente aos jovens, termos uma sociedade futura melhor e mais tolerante.
O professor disse que nota uma aceitação maior dos alunos em relação a temas
ligados à discriminação e ao preconceito. “Venho percebendo que são pequenos passos, mas a cada
ano os alunos demonstram menos resistência em discutir situações nas quais eles
são os ditos privilegiados – isto é, os alunos brancos compreenderem a
necessidade das cotas raciais, os alunos homens entenderem o machismo em nossa
sociedade e, especificamente, naquilo que trabalhei, a maioria de alunos heterossexuais
se mostrarem abertos para compreender o que os homossexuais passam e como
mudar essa realidade”.
Em meio aos exemplos de
tragédias e da tentativa de mudança, podemos ver que é muito mais fácil lutar
contra a intolerância do que continuar alimentando ela; se alimentamos, criamos
uma sociedade cada vez mais desunida. O mundo sem diferença é sem graça.
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